Sunday, July 29, 2007

Veja, nas cordas

Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, é colocado nas cordas na entrevista da newsletter eletrônica "Jornalistas & Cia", quando questionado sobre a estratégia "jornalística" da revista Veja.
Vale a pena ler o artigo de Luiz Veiss sobre o caso no Observatório da imprensa.
O amálgama de opiniões e fatos em que se transformou o jornalismo no Brasil não traz nada de positivo. Civita diz que o público demanda a indignação do Jornalista, mas deve haver um meio de atingir esse objetivo sem descambar para o sensacionalismo, sem desrespeitar as leis, sem ignorar e distorcer fatos...

Saturday, July 21, 2007

A pista de Congonhas

Segundo o IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, a pista de Congonhas, submetida a testes em 13/07/2007, quatro dias antes do acidente, apresentava-se acima dos padrões de aderência recomendados pela ICAO (Organização de Aviação Civil Internacional). Deu na Folha. O IPT é vinculado ao Governo do Estado de São Paulo. O IPT não é do PT. Nem a Folha. A seguir, o texto:
Após acidente, IPT conclui que pista tem condições de atrito mesmo sem "grooving"

DA SUCURSAL DA FOLHA DE SÃO PAULO EM BRASÍLIA - 21/07/2007

O relatório parcial feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) na pista principal do aeroporto de Congonhas, a pedido da Infraero após o acidente com o Airbus da TAM na terça, diz que o asfalto no local tem condições de atrito acima do padrão internacional de qualidade mesmo sem o sistema de escoamento de água.
A ausência de "grooving", ranhuras para o escoamento de água, é apontada por especialistas como um possível dificultador da frenagem da aeronave.
O IPT, ligado à Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, diz que o trabalho tem "caráter de assessoramento técnico e não fiscalizador dos seus serviços". Segundo o relatório, a pista principal de Congonhas passou pelo teste de atrito em pista molhada conhecido como "mumeter", em que simuladores de rodas recebem película de água de 1 milímetro.
No teste, o coeficiente de atrito nos locais onde os pneus das aeronaves costumam tocar durante o pouso ficou entre 0,68 e 0,73. No Brasil, o parâmetro é de 0,5. Já a Icao (Organização de Aviação Civil Internacional) recomenda o valor mínimo de 0,42. Abaixo desse valor, segundo o IPT, deve ser informada a possibilidade de pista escorregadia e, abaixo de 0,52, devem ser planejadas atividades de manutenção.
A medição do coeficiente de atrito foi realizada no dia 13 de julho, quatro dias antes do acidente. Ela faria parte de um relatório mais completo, que ainda será feito, mas foi antecipado devido ao acidente.
O relatório analisou também a integridade do asfalto. A medição do IPT mostrou valor de resistência entre 89% e 96%, quando o mínimo requerido é de 70%. Os relatórios finais serão entregues à Infraero em 27 de julho, 7 e 17 de agosto. (ANGELA PINHO E FERNANDO RODRIGUES)
Vamos ver a repercussão deste laudo na imprensa em geral... e se passam a colocar pelo menos parte da culpa em José Serra (o que seria tão incorreto quanto colocar a culpa pelo acidente em Lula).

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Friday, July 20, 2007

Politização da tragédia

Quase não consigo acreditar no que vejo. A imprensa tem se aproveitado da tragédia com fins políticos. Quem não vê é porque não quer ver. Acho realmente que a quantidade de vôos em Congonhas beira a insanidade, mas isso não é resultado unicamente de determinação do governo. Há um interesse fortíssimo das empresas aéreas para que isso seja assim. A falha do governo aqui é permitir que a ANAC defenda sempre os interesses de TAMs, GOLs e afins!
Há indícios que pousar em Congonhas com apenas um reverso seria arriscado, e de que na segunda-feira o mesmo avião teria utilizado toda a pista para conseguir parar, sem chuva.
Aí vem a Globo, mostrando imagens de um assessor da presidência fazendo "gestos obscenos" quando soube da notícia do defeito. E critica, e interpreta como comemoração. Desculpe. Está claro na imagem a indignação das duas pessoas que aparecem na imagem. Os gestos, todos nós fazemos semelhantes. As palavras, claramente legíveis nos lábios de um dos protagonistas: "filhos da puta". Confesso que tive a mesma reação. Filhos da puta sim! Filhos da puta os que mantiveram a aeronave operando mesmo com defeito. Filhos da puta os que capitalizam politicamente o sofrimento de outras pessoas. Filhos da puta os que demonizam reações de indignação que se igualam à que muitos de nós tivemos, classificando-as como "comemoração".