Monday, August 11, 2008

Liberdade de expressão comercial

Às vezes me espanto com as discussões que aparecem por aí. Quando ouvi a proposta de regulamentação da publicidade de produtos que oferecem riscos à saúde, nem dei bola, achei simplesmente óbvio que fosse assim: um produto que oferece risco à saúde ter sua publicidade restrita a um horário específico e que a peça publicitária traga informações sobre os males aos quais o consumidor estará sujeito.





Fiquei surpreso, embasbacado, quando surgiu este movimento em defesa da "liberdade de expressão comercial". Como é que é? Estão entendendo que omitir os efeitos maléficos que produtos comerciais possam ter sobre seus consumidores é "Liberdade de expressão"?





Outro dia fiquei indignado com um comercial que anunciava "Nutela" como "fonte de energia... ... indispensável na alimentação das crianças". Que "energia" é indispensável para a vida como a conhecemos é inegável. Mas o produto em questão, Nutela, é quase que somente gordura e açúcar. O comercial mostra crianças saudáveis, praticando esportes e em plena atividade. Entretanto, a alimentação com doses cavalares de Nutela sobre uma fatia de pão, como mostrado no comercial, pode levar à obesidade. E estamos vivendo um momento de preocupação em escala mundial com a obesidade infantil. Hoje mesmo vi na TV uma chamada para uma reportagem dizendo que o colesterol agora é um problema de criança. Não seria no mínimo coerente que o comercial de Nutela apontasse para os riscos envolvidos no consumo do produto? Segundo os publicitários isso seria cerceamento da "liberdade de expressão".





Um argumento deles é o de que o consumidor tem discernimento suficiente para avaliar se deve ou não consumir o produto, tem maturidade para identificar os pontos negativos. No caso do Nutela, estamos falando de crianças. Vejam que nem cheguei ao cigarro ou bebidas alcoólicas.





Na minha cabeça, o princípio de liberdade de expressão está ligado à exposição de informação, e, no caso da publicidade, estão lutando justamente para omitir informação do consumidor, o que me parece um pouco contraditório.





Hoje se acena com a bandeira de "liberdade de expressão" para tudo quanto há. Qualquer regulamentação de meios de comunicação é massacrada como "ameaça". É preciso tomar cuidado com isso. Mentir, difamar, divulgar ficção como fato, ocultar fatos, nada disso tem a ver com liberdade de expressão. Muito pelo contrário, essa total "liberdade" é muito parecida com o doublespeak e com a "recriação da história", do Grande Irmão e seus amigos, em 1984.





Tem mais sobre o assunto no Observatório da Imprensa: Leia o artigo e os que estão indicados nos links por lá!












1 comment:

Unknown said...

No embalo do post, veja (ou revejaO esses, da Ades:

http://www.ades.com.br/ades/comunicacao/campanhas/campanha9/

Abraço!